Política e sensibilidade

Formação política formal e vivida. Adesão a um partido político; lutas acirradas e causas impossíveis. Ascenção na carreira pública, em meio a adversários – inimigos mesmo -, através de candidaturas, em que se aplica toda a experiência.

Carreira midiática, que dispensa formação política e partido político. Ideias políticas de extrema direita, expostas de modo confuso, com ênfase na dimensão pessoal; o êxito, a fortuna – as esferas privada e público confundindo-se. Exercício do cargo político por meios pouco políticos, como mensagens em mídias sociais, ações de factótuns e formações de verdadeiras quadrilhas.

No primeiro caso, há, além de lastro histórico, a manifestação prática de uma ideologia senão sofisticada, considerável. Entre povo e governante, o público e o privado, há política, pois ainda há política.

Mas, como ensina Trotsky, a ideologia das sociedades modernas é a indústria cultural, com suas manifestações pobres, repetitivas e, por vezes, formadores de um imaginário violento. Daí a sensibilidade ligando-se à política – e o segundo perfil político, tão atual.

Vladimir Safatle tratará dessas e outras questões correlatas.